Bens tombados de Manhuaçu são pautas de universitários

cultura-patrimoniomanhuacu cultura-patrimoniomanhuacu-2A vida moderna do século XXI, em meio a seus variados dilemas, tem sido confrontada por uma difícil dicotomia: o progresso e a preservação da identidade. Muito se fala em zelar pela história, pouco se pratica esse discurso. Não raramente, em Manhuaçu, vemos construções antigas dando espaço a modernas e sofisticadas construções. Em outras palavras, vemos uma história quase sesquicentenária dando espaço para o que se chama de progresso.

Universitários da cidade também têm se despertado para a causa. Cinco estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Facig, fizeram de uma pesquisa acadêmica, um registro histórico de alguns bens tombados de Manhuaçu. Em entrevista, o grupo relata sobre a experiência.

“Tínhamos uma linha que era a de fazer um catálogo dos bens tombados de Manhuaçu” – relata a integrante do grupo, Edna Vale, do oitavo período. “Aqui em Manhuaçu nós vimos a deficiência das pessoas durante o processo, no sentido de que muitos não sabiam de bens tombados e inventariados daqui. Vimos que há muita falta de interesse inclusive. Então focamos nessa linha de fazer algo informativo às pessoas sobre esses bens” – explica a estudante.

O processo

O grupo relata que, para a pesquisa, além de fontes documentais, consultaram também fontes orais do município. Eles contam sobre as surpresas que tiveram ao longo de cerca de um ano e meio de pesquisa. “Nós conseguimos na biblioteca um levantamento da história já existente e o tomamos como base. Mas ouvimos muitas fontes e o mais interessante era que os relatos se coincidiram, e isso nos deu uma base melhor para procurar o que não achamos nos registros escritos” – intervêm a estudante Aline Machado, também do oitavo período, que prossegue.

“Eu, há muito tempo sofri muito com isso, porque uma cidade sem história fica solta no mundo. E quando eu comecei esse curso, eu passei a amar mais minha cidade, porque eu passei a dar mais valor ao que existia de história dela” – emociona-se Machado. “E hoje, com esse trabalho, com esses levantamentos, vemos o quão importante tem sido isso no nosso dia a dia e como vai ser importante para as próximas gerações, saber que Manhuaçu não é uma cidade apenas contemporânea. Eu particularmente fiquei muito feliz” – diz Aline Machado.

O cartaz informativo produzido pelos futuros arquitetos e urbanistas traz uma das histórias que permeiam as origens da Capela de Santa Terezinha, no Hospital Cesar Leite. Além disso, traz a história do Palácio da Cultura, o casarão da década de 1920 que cativou os estudantes a ponto de já ter se tornado um possível cenário para as fotos de formatura. O artigo completo produzido pelos alunos estará disponível para consulta na Biblioteca Municipal.

Continuidade

“Para mim foi uma experiência bem rica porque não sou daqui, sou de Lajinha e pude conhecer um pouco da história de Manhuaçu, como se deu a existência dessa cidade e também como surgiu toda essa história em torno dos bens inventariados e tombados” – alegra-se o universitário Leonardo Castro, também do oitavo período de Arquitetura. “O saldo para nós foi muito positivo porque lançamos uma mídia desse produto final. Mas já sabemos que é algo que não vai parar por aí. Manhuaçu é uma cidade muito rica em história, nós podemos nos aprofundar mais. Formulamos um artigo, mas queremos ir além em outros trabalhos” – revela Castro. Junto com os três estudantes, também participaram da pesquisa Maurício Silvestre e Andreia da Costa, ambos estudantes do décimo período de Arquitetura. O trabalho foi orientado pela professora Isadora Correia.

A secretária de Cultura, Mariza Klein, enalteceu o trabalho dos universitários. “É muito gratificante porque estamos vendo que as pessoas têm abraçado a causa da nossa história junto conosco” – afirma. “A prefeitura tem se esforçado para levantar, inventariar, criar os meios para preservar o que ainda nos resta da nossa história mas, acima de tudo, se não houver consciência da população sobre isso, nosso esforço é em vão” – alerta. “Nunca houve essa cultura de preservação aqui, tanto que nossas leis são recentes. Nos últimos anos vimos patrimônios importantíssimos do nosso município sendo perdidos. Mas não queremos apontar culpados, queremos pensar no que ainda temos. E é o que estamos fazendo. Por isso, parabéns aos alunos pelo brilhante trabalho” – finaliza Mariza Klein.

Secretaria de Comunicação Social de Manhuaçu

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