Enem está mais enxuto e mais conteudista, afirmam professores

Professores de escolas públicas e privadas afirmaram que a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano está mais enxuta, com menos textos de apoio, mais conteudista e com temas diferentes de anos anteriores. Ouvidos pela Agência Brasil, eles disseram que as primeiras provas do Enem 2019 dão indícios de como serão as provas nos próximos anos.

Neste domingo (3), 3,9 milhões de estudantes resolveram, em todo o país, questões de linguagens e ciências humanas e fizeram a redação. No próximo domingo (10), serão feitas as provas de matemática e ciências da natureza.

“Ficou claro que, sim, esta é uma prova diferente agora. Então, a estatística que tínhamos antes, de assuntos mais cobrados, possivelmente vai ser revista”, disse o professor de história Evandro Santana, da Escola Gisela Salloker Fayet, em Domingos Martins, Espírito Santo.

A Gisela Salloker Fayet está entre as escolas públicas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico e se destacam no Enem. As instituições foram identificadas no estudo Excelência com Equidade no Ensino Médio: A Dificuldade das Redes de Ensino para Dar um Suporte Efetivo às Escolas.

Neste ano, todos os estudantes da escola de Domingos Martins inscreveram-se no Enem. “O Enem tem uma importância quase central no ensino médio”, ressaltou o professor Santana, que fez um levantamento dos temas mais abordados em história desde o Enem 2013. “Sabia que regime militar e Era Vargas [período em que Getúlio Vargas governou o Brasil] eram questões certas todos os anos. Este ano não caiu nada. Os conteúdos cobrados também foram surpresa.”

O professor Aurélio de Menezes, que leciona história, sociologia e direitos humanos na Escola de Referência em Ensino Médio de Salgueiro, município com cerca de 60 mil habitantes, no sertão de Pernambuco, também percebeu as mudanças. “Teve mais de uma questão de Idade Média, quando tinha a [história] moderna e a contemporânea toda para serem cobradas. Cada vez mais, os assuntos históricos têm sido ensinados em diálogo com o presente, com a contemporaneidade”, destacou. A escola pública de Salgueiro também é um dos destaques no Excelência com Equidade.

Os dois professores relataram, porém, as dificuldades que os estudantes tiveram no exame, sobretudo com o tema da redação, que neste ano foi Democratização do Acesso ao Cinema no Brasil.

“O tema da redação foi muito bom”, afirmou Menezes, que ressaltou: “para quem tem um repertório de assuntos acumulados, seria tranquilo, mas tratando-se da realidade brasileira – sobretudo com a concentração de salas de cinema em médias e grandes cidades e com plataformas de streaming [tecnologia de transmissão de conteúdo online] pagas, como a Netflix –, ainda temos um certo elitismo pela concentração de renda, ainda não é disseminado.”

Menezes lembra que Salgueiro já teve um cinema “há três, quatro décadas. Hoje não temos mais cinema”. A escola havia promovido, logo antes do Enem, no entanto, um seminário sobre cinema. “Isso facilitou”, disse o professor.

Informações Agência Brasil

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