BR 116: trecho entre Muriaé e Fervedouro está entre os mais perigosos de Minas

116-1 116-2 116-3 A Polícia Rodoviária Federal (PRF) listou os cinco trechos mais perigosos das rodovias mineiras. A BR-116, entre Muriaé e Fervedouro, é o quinto trecho mais arriscado.

Na lista aparecem ainda a BR-040, em Congonhas do Campo, cidade da Região Central a 89 quilômetros de Belo Horizonte. A rodovia BR-040 tem ainda dois pontos críticos, em Conselheiro Lafaiete e em Juiz de Fora.

Separadamente, a BR-251 foi a estrada que apresentou índices mais alarmantes. A via chegou a ser 45% mais mortal entre janeiro e setembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 48 óbitos neste ano contra 33 em 2012. A parte mais perigosa fica em Francisco Sá, no Norte de Minas.

A literatura, o cinema e a música criaram mitos como a Rota 66, uma via que atravessa os Estados Unidos passando por vastidões áridas da California ao Illinois, e mesclou ao trajeto, que seria “infernal”, a numeração que remete ao número 666, do armagedom bíblico. Pois um dos cinco trechos mais perigosos das rodovias mineiras, segundo a PRF, é justamente o km 666 da BR-116 (Rio-Bahia), em São Francisco do Glória. E por causa disso está ganhando fama de via infernal entre os caminhoneiros e moradores próximos devido à grande quantidade de acidentes que ocorrem por lá. No caso da estrada mineira, as armadilhas encontradas pelos motoristas não são parte de uma batalha do Apocalipse, mas resultado da falta de conservação pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

É logo após uma das curvas da via, de pista única, que o motorista se assusta ao encontrar uma nuvem de poeira atrapalhando sua visibilidade. De repente, sem qualquer aviso ou sinalização, a pista acaba, virando um segmento de 350 metros, largo, de terra e pó que levanta com o tráfego de carretas e ônibus. Nesse espaço não se distinguem faixas de separação ou acostamentos. Perigos ampliados pela imprudência dos motoristas de carros de passeio e motociclistas que perdem a paciência com a redução de velocidade que as carretas precisam fazer e se arriscam na contramão.

Passada a poeira, em dois locais neste quilômetro, as contenções de barrancos instaladas depois das chuvas de 2011 estão rompendo. Feitas com linhas de gaiolas de metal preenchidas com pedras (gabiões), algumas delas foram empurradas pelos barrancos e já se romperam.

A parte mais perigosa é formada por duas rampas causadas pelo afundamento da pista. O desnível chega a mais de um metro e quem passa em velocidade mais alta quase decola. Muitos se assustam, freiam bruscamente e correm o risco de perder o controle. “Faz dois anos que a estrada ficou largada. E isso é ainda pior com a imprudência dos motoristas. A gente está esquecido. A estrada é do inferno mesmo”, afirma o produtor rural Sebastião Pereira Leite, de 80 anos, que mora em frente a uma dessas rampas e de casa escuta o barulho das batidas e saídas da pista.

Em Fervedouro, 15 quilômetros à frente, os acidentes na BR-116 marcam muitas famílias, como a do frentista Anderson Franchini Ricardo, de 34. “Quando era pequeno, meu irmão morreu ao descer de uma bicicleta e um carro bater com o retrovisor no rosto dele”, lembra. No domingo passado, dois primos de Anderson quase morreram na estrada. “Estava chovendo e o carro em que viajavam saiu da pista e bateu num caminhão. Um deles pode ficar paraplégico. O outro quebrou a bacia, um fêmur e um pé. Não tem uma pessoa aqui que não conte uma tragédia dessa estrada, que para mim é do inferno mesmo”, afirma.

Luiz Nascimento – Publicação do jornal Estado de Minas

 

 

 

 

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