Covid: Ocupação de leitos de UTI cresce 115% em 19 dias em Minas Gerais

Em 19 dias Minas Gerais observou um crescimento de 115% na ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos do Sistema Único de Saúde (SUS) por pacientes com diagnóstico positivo ou suspeito para Covid-19. O número saltou de 278 em 3 de janeiro, para 598 nesta sexta-feira (21), de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG).

A alta na demanda para o tratamento de Síndromes Agudas Respiratórias Graves (SRAG) já é reflexo da nova onda de casos de coronavírus, ocasionada pela variante ômicron. Nesta sexta-feira, Minas bateu novo recorde de diagnósticos positivos, com 27.683 registros.

Médicos ouvidos pela reportagem alertam que o crescimento na taxa de internações também tem impacto do surto de gripe causada pelo vírus Influenza A/H3N2. A tendência é de que as hospitalizações em terapia intensiva elevem-se, ainda mais, nas próximas semanas, com a previsão da SES/MG para o pico de casos da doença entre o final de janeiro e início de fevereiro.

O painel de monitoramento da secretaria aponta que a situação hoje é mais crítica na região Central do Estado, que tem 52,28% dos leitos de UTI Covid ocupados. Em Belo Horizonte, que está inserida neste território, o crescimento no número de pacientes hospitalizados em terapia intensiva foi de 114% entre 20 de dezembro de 2021 e 20 de janeiro deste ano. No entanto, a ampliação da oferta de leitos nesta modalidade só chegou a 25% na capital.

Atualmente, a taxa de ocupação na capital está em 84%. Ontem, em entrevista coletiva, o secretário municipal de saúde, Jackson Machado, justificou que a prefeitura enfrenta dificuldades com o afastamento de equipes que atuam em unidades de saúde por quadros gripais. O gestor também alegou complexidades na contratação de profissionais de saúde e de recursos humanos para aumentar a oferta de leitos.

O médico e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, alerta que o momento é de cautela e preocupação, tendo em vista que o Estado ainda vai enfrentar um cenário mais elevado de transmissão da Covid.

“Várias outras doenças que não tínhamos grande número (de pacientes) no auge da pandemia em 2020 e 2021 estão internando e procurando vagas, então temos menos disponibilidade para abrir vagas hoje para a Covid. Isso pode fazer com que tenhamos dificuldades mesmo em um cenário de menos internações”, analisa.

Urbano lembra que a maioria dos internados em UTIs não são vacinados. Balanço da SES/MG aponta que o índice é de 80%. “A vacina é a única proteção efetiva, porque embora não consiga garantir 100% de segurança de formas graves em que se vacinou, há proteção que se aproxima disso”, garante o médico.

O secretário-geral do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, o pneumologista Maurício Meireles, reforçou que os casos de gripe sobrecarregam a demanda por leitos de UTI. Nos pacientes internados com resultado positivo para Covid na terapia intensiva, ele notou uma mudança de perfil, se comparado às ondas anteriores da doença em 2020 e 2021.

“A taxa de internação por Covid não está sendo tão importante como foi na segunda onda, por exemplo. Os pacientes não chegam à terapia intensiva tão grave como antes, o que reduziu muito a necessidade de intubação”, observou Meireles.

O representante dos médicos pede mais cuidado à população na prevenção da Covid-19, como o uso de máscaras e evitar aglomerações. “A variante ômicron tem uma menor invasão pulmonar, apesar da velocidade de transmissão. Se fosse tão agressiva quanto as outras variantes todos os hospitais estariam completamente lotados e teríamos um número de óbitos muito mais expressivo do que nas outras ondas”, atestou Maurício.

Medidas restritivas podem ser adotadas 

Se mantido o cenário de elevação nas UTIs, medidas restritivas podem ser adotadas para tentar desacelerar a transmissão do vírus, na avaliação do médico Estevão Urbano. Mas, caso sejam necessárias, as restrições poderão ser mais brandas do que o vivenciado em 2020 e 2021, caso exista uma piora nos índices da pandemia e aumente a pressão sobre o sistema de saúde.

“Podemos ter restrições que prejudicam menos a atividade normal da cidade, por exemplo o comércio, mas pegando setores hiper dispersores do vírus. Temos uma cepa que infecta a população vacinada, que tem gerado menos internações”, explica.

Boletim epidemiológico especial publicado pela Secretaria de Estado de Saúde no último dia 15 de janeiro apontou que apenas a região Leste de Minas está com tendência de queda de novos casos de Covid-19. Todos os outros territórios estão com previsão de alta de diagnósticos positivos para as próximas semanas, de acordo com o informe.

Informações do Jornal O Tempo (www.otempo.com.br)

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