Mulher que deu à luz em coma após acidente comemora 1º Dia das Mães com filho

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A paranaense Kezia Fernanda Lemes de Mira, de 24 anos, comemora o primeiro Dia das Mães ao lado do filho Miguel, de seis meses, neste domingo (13). O bebê nasceu enquanto ela estava em coma, dias depois de um grave acidente de trânsito. Na mesma batida, a jovem perdeu os pais.

O acidente

Kezia e o marido Clodoaldo dos Santos Mira, de 30 anos, estão juntos há sete anos. Eles queriam muito um filho, mas planejavam ter um só depois de conquistar a casa própria.

Um distúrbio na tireoide, porém, ajudou a antecipar a chegada do primogênito. “Precisei ficar um ano sem tomar o anticoncepcional. Nesse período, acabei engravidando. Foi uma alegria imensa quando descobrimos”, relata.

Por causa desse mesmo distúrbio na tireoide, Kezia enfrentou uma gravidez de risco. Todo mês, ela viajava de Arapoti, onde sempre morou, para Ponta Grossa, onde recebia o acompanhamento médico que precisava no Hospital Universitário dos Campos Gerais.

No sétimo mês da gestação, porém, ela não conseguiu chegar à consulta marcada para o dia 25 de outubro. O carro em que estava foi atingido por um caminhão na PR-151, no trevo que dá acesso à Avenida Monteiro Lobato, em Ponta Grossa.

Kezia não se lembra do momento da batida e nem de como foram os dias que vieram em seguida. As horas que antecederam a tragédia, porém, ficaram marcadas.

“Meu pai tinha um problema de saúde e fazia tratamento no mesmo hospital que eu em Ponta Grossa. Ele tinha um exame no dia da minha consulta e sugeri que ele não fosse de ônibus, como ele sempre ia. Falei para ele e para a minha mãe irem comigo, de carro”, relata.

A cesárea de emergência

Kezia chegou ao hospital com traumatismo craniano, com risco de morte. O obstetra Severino Orsatto Junior, que acompanhou o caso dela desde o começo, conta que a paciente foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) assim que chegou.

Foi, então, que a equipe médica conseguiu estabilizar a gestante, através do coma induzido. Foram três dias na UTI até que as complicações que exigiam o nascimento de Miguel começassem. Kezia estava na 32ª semana de gestação.

“Ela foi levada para o centro cirúrgico e a equipe de plantão foi mobilizada. Era início da noite e eu vim para o procedimento. Como estava internada havia três dias, poderia ser a qualquer momento. Aí, interrompemos [a gravidez] imediatamente”, lembra. O parto foi rápido.

Miguel, ao nascer, teve em uma parada cardiorrespiratória, mas foi reanimado e levado para a UTI Neonatal, onde conseguiu se recuperar bem nas semanas seguintes.

“É um caso que você sempre fica com a expectativa de fazer o seu melhor. Com a expectativa de que mãe e bebê fiquem bem. Quando acontece isso, é uma satisfação muito grande. É uma gratificação muito grande”, acredita o médico.

Para o obstetra, o caso de Kezia é inspirador para a carreira de qualquer profissional da saúde.

O reencontro

Depois do parto, a paranaense foi melhorando e saiu do coma em 6 de novembro. Foi, então, que a enfermeira obstetra Regiane Hoeldtke, que também acompanhou toda internação de Kezia, decidiu que era a hora de mãe e filho se rencontrarem.

O depois

Quando deixou o hospital de vez, no dia 12 de novembro, a jovem soube da morte dos pais pelo irmão. Ela relata que, na hora, não acreditou.

“A ficha foi caindo aos poucos. Tenho muita saudade. Eles estavam tão contentes com a chegada do primeiro neto. Mas, de qualquer forma, tenho certeza que eles estão felizes em ver a nossa família bem”, revela.

Miguel foi para casa no dia 1º de dezembro. Ele precisou ficar um tempo a mais no hospital para ganhar peso e ficar totalmente recuperado. Desde que o bebê chegou, Kezia conta que a vida da família tem sido completa.

Clodoaldo, que mal consegue falar de tudo o que aconteceu sem ficar emocionado, concorda com a esposa e diz agradecer, todos os dias, pela vida da esposa e do filho.

Informações G1

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