Cidades mineiras têm média de 10 casos de estupro registrados por dia

Todos os dias, 10 ocorrências de estupro são registradas em Minas, sendo três na região metropolitana, totalizando 3.556 atos de violência sexual em 2016 no estado e 1.177 em Belo Horizonte e mais 45 cidades do entorno.

Apesar de os números serem menores do que os registros de anos anteriores, a situação chama a atenção da advogada Carla Silene, que é diretora do Instituto de Ciências Penais de Minas Gerais (ICP/MG), organização autônoma que congrega criminalistas de vários setores do estado.

Ela destaca que as estatísticas podem ser ainda maiores, já que muitas vítimas acabam não denunciando o crime às autoridades de segurança pública por causa do abalo causado pela violência. “Muitas mulheres preferem ocultar, deixar de formalizar a notícia do crime, para não ter um segundo choque, que seria mais uma forma de vitimização por conta da exposição do caso”, afirma a advogada. A criminalista aponta que, quando os autores são identificados, normalmente a punição é aplicada, mas ainda é necessário evoluir em relação às técnicas para descobrir essas pessoas. “Quando a autoria é inequívoca, a polícia tem feito um bom trabalho e a Justiça tem mantido essas pessoas presas, mas nós precisamos melhorar as formas de coletar as provas, até porque não é sempre que teremos um DNA”, afirma a advogada.

Ainda segundo Carla Silene, um dos fatores que atrapalham o trabalho policial é a ocorrência de abusos praticados por familiares, o que é muito comum nos casos de estupro. O ambiente doméstico como palco do crime dificulta a presença das autoridades de segurança naquele cenário. “Normalmente, quem consegue trazer a Justiça à tona são as escolas, porque os professores que estão em contato com a criança, ou com o jovem, percebem alteração de comportamento. Também precisamos investir em formação, para que as escolas consigam ter profissionais comprometidos com o trabalho e capazes de olharem para os alunos e perceberem os problemas”, completa.

Denunciar para evitar outros abusos

A delegada Camila Miller, da Delegacia de Combate à Violência Sexual, de Belo Horizonte, reforça que a denúncia deve sempre ser feita, pois pode evitar que outras mulheres venham a ser atacadas pelo mesmo estuprador. “Vejo muito medo e vergonha nas mulheres que vêm aqui. A mulher violentada sexualmente é vítima, e não culpada. Ninguém escolhe sofrer esse tipo de abuso. Além de fazer a denúncia, ela deve sempre procurar assistência médica”, continuou a delegada. Ela alerta as mulheres para redobrar a atenção caso estejam em locais ermos.

Compartilhe

PinIt

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *