A importância da saúde bucal em pacientes com Alzheimer

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os movimentos, o comportamento e a memória do indivíduo, interferindo na vida social do indivíduo. As tarefas corriqueiras da pessoa, como a higiene oral, são deixadas de lado. Assim, a participação da família e dos cuidadores torna-se indispensável nos cuidados desse paciente e as visitas ao dentista devem ser regulares. Essa enfermidade afeta cerca de 40% da população acima de 80 anos.

Os medicamentos usados no Alzheimer podem levar à hipossalivação, o que aumenta a possibilidade de cáries e doença periodontal. Não há cura e sim uma ação medicamentosa para melhorar a cognição, retardar o seu desenvolvimento e tratar os sintomas.

Na fase inicial da doença, onde há perda de memória recente, o paciente ainda frequenta o consultório odontológico e o dentista deve aproveitar para realizar exames radiográficos, restaurações dentais, tratamentos periodontais, remover problemas em próteses. Todas essas medidas acompanhadas por uma boa higiene bucal com escova, fio dental e bochechos fluoretados, além de orientações aos cuidadores e familiares a respeito da manutenção da saúde bucal, preparando-os para a evolução da doença.

Num estágio intermediário da doença, ocorre distúrbio na linguagem, risco de acidentes, incapacidade de autocuidado, agitação, falta de compreensão. Os procedimentos odontológicos devem ser mais rápidos. O paciente deve comparecer ao consultório acompanhado e a sua colaboração no tratamento diminui. Os familiares e cuidadores têm um papel importante nas tarefas de higiene bucal e o home care odontológico passa a ser considerado. Nessa fase, deve-se remover focos de infecção e qualquer fator que desencadeie dor. Há muitas vezes a necessidade de sedação consciente realizada por profissional habilitado.

Na fase terminal da doença, há perda da memória, irritabilidade, rigidez muscular, desorientação, apatia, incontinência urinária, desnutrição, agressividade e dependência total. Privilegiar os cuidados com a higiene e eliminar focos de infecção, sendo que muitas vezes o atendimento será hospitalar. Os procedimentos não podem ser demorados. Dar qualidade de vida é o objetivo nessa fase.

O planejamento do tratamento do paciente com doença de Alzheimer deve ser conforme a gravidade e a fase da doença e sempre de acordo com os familiares, cuidadores e equipe médica responsáveis pelo atendimento do paciente. À medida que a doença progride, piora a condição bucal do paciente devido à má higiene. Assim, torna-se necessária a participação do dentista para orientar os responsáveis pelo paciente e eliminar qualquer foco de infecção na boca, que poderia agravar a condição sistêmica do paciente.

Na medida em que a população de idosos aumenta, é imperioso ter o dentista participando do tratamento desses pacientes com Alzheimer ou qualquer outra demência identificada, seja para atendimento no consultório, em hospitais, asilos, em domicílio. Será ele o educador da família e dos cuidadores responsáveis, orientando e treinando-os para manter a higiene bucal com qualidade de vida. (Texto de Roberto Andrade Terini é dentista de adultos e crianças (CROSP 46020)

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