Sociedade Brasileira de Dermatologia afirma que filtro solar não impede absorção da vitamina D

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) fez um estudo que está chamando a atenção: a utilização de filtro solar, com a consequente exposição leve ao Sol, não afeta a capacidade do organismo de sintetizar a vitamina D (calciferol, colecalciferol e ergocalciferol). A pesquisa foi coordenada pelos dermatologistas Flávio Luz, Clívia Carneiro, Hélio Miot e Sandra Durães, e contou com o apoio do laboratório de análises clínicas da Universidade Federal Fluminense (UFF) e de outros 95 voluntários, entre médicos e estudantes.

Os voluntários foram divididos em três grupos: os que não ficaram expostos à radiação solar por 24h; os que ficaram expostos a ‘doses baixas’ de Sol (10 a 15 minutos) com protetor solar (FPS 30); e os que ficaram expostos nesse mesmo período, mas sem fotoprotetor na pele. Os níveis de vitamina D no sangue foram medidos na manhã antes da exposição ao Sol e também na manhã seguinte, permitindo o cálculo da variação na taxa do hormônio, no intervalo de 24h.

A pesquisa da SBD revelou que a variação dos níveis de vitamina D foi maior no grupo exposto ao Sol e que estava usando filtro solar em comparação com os voluntários que ficaram confinados, mostrando que ocorreu síntese efetiva da substância após breve exposição ao Sol, mesmo com a proteção an pele.

“A diferença da variação dos níveis plasmáticos de vitamina D entre o grupo exposto com filtro solar e o grupo exposto sem o filtro não atingiu diferença significativa, indicando que não houve diferença substancial entre a exposição solar leve com e sem filtro solar”, explica o dermatologista Hélio Miot.

O médico salienta que a síntese de vitamina D depende de doses muito baixas de raios ultravioleta (UVB) em pequenas áreas do corpo. A radiação atinge a pele por meio do vestuário leve e do couro cabeludo, áreas que não são completamente cobertas pelo filtro solar.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o uso regular de filtro solar nas áreas diretamente expostas ao Sol para prevenção ao câncer da pele, queimaduras e fotoenvelhecimento tem sido criticado por alguns profissionais como importante causa da hipovitaminose D na população devido à redução de sua síntese cutânea do hormônio. Porém, o estudo contraria a não recomendação do uso de protetor na pele.

Vale lembrar que a vitamina D desempenha importantes funções no organismo, principalmente no metabolismo ósseo, para o aumento da imunidade e para a criação de resistência à insulina. De acordo com a SBD, diversas condições clínicas e hábitos de vida interferem nos níveis desse nutriente, como dietas restritivas, cirurgia bariátrica, obesidade, nefropatia, idade avançada, indivíduos que não se expõem diretamente ao Sol, sedentarismo e diabetes.

Os dermatologistas alertam ainda que a atual “epidemia” de hipovitaminose D seria causada, principalmente, pelos hábitos de lazer e de trabalho em ambientes abrigados da luz do Sol, que são característicos da sociedade moderna. “Isso não depende do uso de filtro solar. Ademais, há elementos ligados ao indivíduo, como a espessura da pele exposta, má-absorção do intestino, medicamentos de uso regular, obesidade, sedentarismo, e variações nos receptores de vitamina D nos tecidos, que interferem com a síntese e disponibilidade de vitamina D”, esclarece a SBD em comunicado enviado á imprensa.

 

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