Manhuaçu: Programa de preservação das águas é discutido

agua1 agua2Após um período de severa escassez, nos últimos dias Manhuaçu tem sido agraciado com uma leve e demorada chuva, que tem abastecido os rios, mananciais e o solo. Respiro aliviado para um município sempre acostumado a uma realidade de abundância hídrica, certo? Nem tanto. Previsões de especialistas mostram que, em 2016 e nos próximos anos, em razão dos efeitos do fenômeno conhecido por El Niño, a tendência é que a seca aumente em todo o estado de Minas Gerais. Por mais utópico que pareça, municípios que não se prepararem para isso podem sofrer consequências graves. Diante disso, o Governo de Manhuaçu tem se mobilizado e, nesta quarta-feira, 20, o prefeito Nailton Heringer e representatividades ambientais do município, estiveram reunidos com representantes do Instituto Espinhaço e do CBCN – Centro Brasileiro de Conservação da Natureza e Desenvolvimento Sustentável.

O Instituto Espinhaço, desde dezembro de 2015, é conveniado ao Cisab – Consórcio Intermunicipal de Saneamento Básico da Zona da Mata de Minas, o qual Manhuaçu integra, está presente em Minas, Brasil e seis países do mundo. Com experiência vasta em projetos focados em biodiversidade, cultura e desenvolvimento sócio-ambiental, a instituição apresentou, na sede do SAAE, um conjunto de propostas a serem empregadas no combate à escassez hídrica. Dentre elas, a recuperação de áreas degradadas, restauração florestal, recuperação de matas ciliares, tratamento para evitar a impermeabilização dos solos urbano e rural, para que haja infiltração nos lençóis freáticos. Todos esses fatores vão integrar o Programa de Educação Ambiental para a Água.

Estiveram representadas no encontro, as instituições CBH – Comitê de Bacias Hidrográficas Águas do Manhuaçu, e a ONG Pró-Rio Manhuaçu, ambas com grande histórico de militância na causa ambiental do município. Do poder Executivo, além do prefeito Nailton Heringer e do diretor do SAAE, José de Aguiar, os secretários de Comunicação e de Planejamento, Senisi Rocha e Luís Carlos Rhodes, respectivamente, e o diretor do SAMAL, Kilder Perígolo. Do poder Legislativo, esteve presente a vereadora Aponísia dos Reis.

Participação e envolvimento

Segundo o presidente do Instituto Espinhaço, Luis Cláudio de Oliveira, a intenção é propor a Manhuaçu a construção compartilhada e conjunta de um projeto de mudança e transformação ambiental. “Ninguém pode imaginar que vai chegar de fora do município e trazer soluções. Elas serão construídas de forma conjunta. Colocamos que todas as dificuldades que Manhuaçu enfrenta relacionadas à água, devem ser analisadas e compreendidas do ponto de vista de que o rio é uma extensão do cidadão manhuaçuense” – pondera o ambientalista.

Ele lamenta o pouco envolvimento das pessoas, não apenas em Manhuaçu na causa, à medida em que não se sentem participantes ativos do processo de transformação. A partir disso, Oliveira ressalta que a intenção do Instituto é sensibilizar e convocar as pessoas para que elas se envolvam. “É um projeto de longo prazo feito para a sociedade de Manhuaçu. É um processo, de muito trabalho e esforço, não é uma varinha mágica. Hoje demos um pontapé inicial” – diz o presidente.

O instituto nasceu em 2003 em ocasião de um grande projeto mobilizado em Minas Gerais, que foi a reserva da biosfera da Serra do Espinhaço,reconhecida pela Unesco, em 2005. O instituto hoje conta com oitenta membros diretos em todo o Brasil e em mais de seis países. “O foco do nosso trabalho está no sentido de provocar reflexões e construir novas propostas e conteúdos que coloquem o homem em primeiro lugar, porém não numa visão antropocêntrica, mas humanista, de forma a promover um desenvolvimento sustentável” – intervêm Luis Claudio Oliveira. “O instituto já tem alguns anos de estrada e muitas realizações. E o nosso maior capital são as pessoas, que têm um amor pela causa. Usamos isso para colaborar com municípios e estados que querem construir projetos de transformação e inovação pautados em eixos de sustentabilidade” – finaliza Oliveira.

“Nós acreditamos no projeto, é extremamente viável, é uma construção de saberes e vivência, uma construção do futuro. Fala-se muito sobre a escassez de água, as mudanças climáticas, tudo acontecendo na nossa cara, e nós apenas empurrando para frente” – lamenta o presidente do CBCN, Alessandro Regino. “Precisamos agir, trabalhando em algo voltado especificamente para o município. E esperamos fazer o projeto de Manhuaçu para mostrarmos ao Estado e para a União, que existem bons projetos, bons governantes e cidadãos interessados de fato na área ambiental, não no discurso, mas na prática” – finaliza Regino. “É como se diz, todo sonho precisa ser sonhado em conjunto pra que se torne realidade. Se conseguirmos costurar essa ideia e fazer com que ela aconteça, toda a sociedade ganha. É muito bom fazer parte de um governo sério, que tem um pensamento no amanhã, para que a gente tenha uma comunidade diferenciada, e que tenhamos sobrevivência” – pondera o diretor do SAAE, José de Aguiar.

“Tivemos uma reunião muito boa, muito explicativa, sobre métodos que devemos adotar para enfrentar a escassez hídrica, que tem afetado há quase cinco anos a região sudeste” – avalia prefeito Nailton Heringer. “Desde o ano passado, temos adotado medidas e temos buscado junto ao Instituto e ao CBCN uma diretriz para conscientizarmos a população sobre esse novo regime de chuvas que está se confirmando cada vez mais para a região sudeste” – continua o chefe do Executivo. Segundo ele, as propostas apresentadas serão analisadas nos próximos dias em conjunto com os atores sociais envolvidos, para que em breve já seja executado. “Queremos criar uma nova consciência sobre uso e produção de água. Esperamos o envolvimento de todos” – conclui Heringer.

Secretaria de Comunicação Social de Manhuaçu

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