Vida e Saúde: Setembro Amarelo alerta para a prevenção do suicídio

Há quem diga que setembro é o mês da renovação. É quando o inverno dá boas-vindas à primavera, as ruas ficam mais floridas e a beleza da natureza, como num passe de mágica, espalha um clima de esperança pelo ar. Talvez por isso tenha sido escolhido para ser época de reflexão sobre um problema grave, que tem acometido cada vez mais os jovens no mundo inteiro: o suicídio.

No Brasil, esse tipo de morte entre adolescentes e jovens aumentou 30% nos últimos 25 anos. O crescimento é maior que o da média da população, segundo especialistas, reforçando a importância da reflexão sobre o tema, e, especialmente, a importância da mudança de postura dos pais em relação aos filhos.

Segundo a psicóloga da Universidade de Guarulhos e diretora do Instituto de Thalentos, em São Paulo, Márcia Dolores Resende, a educação emocional é uma forma de levar equilíbrio para a vida de uma pessoa. Quanto mais as emoções são compreendidas, respeitadas e direcionadas, melhor será a vida. “Mas, hoje em dia, vivemos um cenário completamente diferente. Os pais têm com os filhos uma relação business, ou seja, conduzem as ações em casa como se estivessem no mundo corporativo. Eles os tratam como se fossem uma extensão do mundo corporativo. Habitualmente, a sociedade tem uma forma que acredita ser a mais adequada de ensinar a evitar o contato com a emoção. Assim, existe a ilusão de que uma pessoa está se preservando, ocultando com muito afinco o que sente.”

Para a especialista, atualmente, há uma ausência nos pais de genuíno interesse pelo outro. “Hoje, eles fazem um interrogatório, uma espécie de checklist. Se o interesse fosse genuíno, ele sentaria, olharia no olho e nem precisaria perguntar, saberia o que estaria ocorrendo, se estivesse, de fato, conectado com o filho.”

Pedido de ajuda

E os resultados dessa ausência de conectividade são perigosos. “Cada emoção contida pelo jovem pode gerar sintomas consequentes da ansiedade, depressão, desmotivação, tristeza e ausência de propósito. Os jovens têm ainda pouca habilidade para lidar com as oscilações, pois a variedade de emoções, sensações e objetivos é desafiadora. E alguém sobrecarregado, independentemente da idade, pode comunicar-se com uma depressão, uma das formas de ser ouvido e ouvir o próprio corpo. Hoje, boa parte tem síndrome do pânico, depressão, insônia e outros comportamentos que mostram as emoções deslocadas”, explica Márcia, acrescentando que 21% dos jovens de 14 a 25 anos apresentam depressão e 5% já tentaram suicídio.

A tentativa, inclusive, é considerada pela psicóloga como um pedido de ajuda. “Infelizmente, quem tomou a decisão de se suicidar faz um planejamento e o realiza, não tenta. Quem quer acabar com a própria vida não faz tentativas. O jovem que faz tentativa está fazendo um pedido de ajuda. Cabe aos pais ou a quem convive com esse jovem observar e perceber que alguma coisa está fora do lugar. A proximidade, o amor e o diálogo são os melhores antídotos contra esse tipo de problema.”

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