Manhumirim: Hospital suspende atendimentos da maternidade e pediatria

A Maternidade e Pediatria do Hospital Padre Júlio Maria, em Manhumirim, suspendeu o atendimento. A decisão foi motivada depois de um déficit acumulado de mais de um milhão de reais. Além de dificuldades com os recursos repassados pelo SUS, a administração argumenta que até profissionais para atenderem na unidade hospitalar estão em falta.

De acordo com números do Hospital Padre Júlio Maria, cerca de sessenta partos são realizados mensalmente. A instituição é referencia para as gestantes de Manhumirim, Alto Caparaó, Alto Jequitibá, Martins Soares, Durandé e Chalé. Agora, os gestores de cada cidade precisam encaminhar os partos para outros hospitais.

A suspensão do atendimento foi anunciada no mês de maio. A direção do Hospital Padre Júlio Maria comunicou a Gerência Regional de Saúde e aos secretários dos municípios atendidos e apresentou os números do déficit acumulado há dez anos. Somam-se aos problemas financeiros, as dificuldades com recursos humanos.

De acordo com Jair Porcaro Júnior, gerente administrativo do Hospital Padre Júlio Maria, o problema foi comunicado aos gestores municipais e à gestões da GRS passadas. “O nosso hospital recebe 24 mil pela clínica obstétrica e 2.500 pela pediatria, o que dá uma média de 27 mil ao mês.  O problema é que a despesa do hospital é de 130 mil por mês para manter esses serviços. O déficit mensal é de 103 mil. No ano, acumulamos um déficit de 1 milhão e 245 mil reais”, calcula.

Ao longo dessa década, Jair Júnior, conta que o hospital manteve os serviços com recursos próprios. “Estávamos tirando de outros setores para cobrir o déficit mensal da maternidade e pediatria. Chegamos a um ponto em que não dá mais”, conclui.

Sem recursos, o hospital não consegue retomar os serviços. Jair Júnior argumenta que o desejo é que o problema seja resolvido. “As gestantes e as crianças não têm culpa alguma. Estamos empenhados em regularizar isso e voltar a atender. O Hospital Padre Júlio Maria tem uma estrutura excelente, mas precisamos de apoio e não podemos pagar para prestar o serviço, acumulando esse déficit”, pontua.

GRS busca solução

Já a Gerência Regional de Saúde tem buscado solução para o impasse desde o dia 15 de maio. A diretora Cici Magalhães conta que o problema foi apresentado nesta quarta-feira, 03/06, na Secretaria de Estado de Saúde, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.

Cici Magalhães conta que chegou a se encontrar também com prefeitos e secretários na reunião de segunda-feira justamente para buscarem soluções para a demanda do Hospital Padre Júlio Maria. “Desde o dia 15, quando fui informada do problema, começamos a nos mobilizar também. Eu me encontrei com a Irmã Nadir e com o Jair e me explicaram que a paralisação, a partir do dia 1º, teve como peso decisivo, a falta de profissionais. Médicos que lá trabalhavam receberam propostas melhores de trabalho e assim foi melhor suspender o serviço. Nós queremos lutar até o último momento, mas vamos conseguir reabrir a maternidade e pediatria”, acredita Cici Magalhães.

A diretora reforçou que está unida na luta do hospital e das seis cidades que referenciam atendimentos para as gestantes em Manhumirim. Cici Magalhães também se mostrou preocupada com o impacto da suspensão. A partir do momento que o hospital para de receber referências, como no caso da maternidade e pediatria, pode começar a perder recursos de outros pacotes financeiros que ele recebe do SUS e daí para o fechamento é questão de tempo.

“O hospital de Manhumirim tem 150 leitos, está todo reformado e tem uma estrutura moderna de médio porte. Foram investidos recursos do hospital e do governo, inclusive do Pro-Hosp. Não podemos fechar uma rede física como aquela, nova, toda dentro das normas da Vigilância Sanitária, com quatro salas de cirurgia, enfim, uma estrutura impressionante”, conta.

Cici Magalhães avalia, inclusive, a possibilidade de referenciar outro serviço para Manhumirim, de modo que possa compensar o déficit da maternidade e pediatria. “Isso poderia equilibrar as contas”, avalia.

Preocupação

Outra preocupação da diretora da GRS é com a demanda. Ela explica que os hospitais de Carangola e Manhuaçu ainda não definiram se irão dar conta de absorver a demanda. “Ainda tem o risco dessas gestantes entrarem em trabalho de parto durante o transporte para outra cidade. É um risco para ela e para o bebê”, alerta.

Depois da reunião em Belo Horizonte, ainda se espera alguma definição. Em Manhumirim, outras mobilizações e negociações estão sendo feitas com os seis municípios que referenciam gestantes para o HPJM, de acordo com entrevista de Jair Júnior à Rádio Manhumirim, na sexta-feira, ao radialista Geraldo Júnior.

Matéria extraída do Portal Manhumirim

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