Manhuaçu: Aniversário da “República de Manhuassu” na Câmara, dia 29/05

Com o objetivo de resgatar e manter viva a história do município, o Governo de Manhuaçu promove desde 2013, sempre no mês de maio, a comemoração do aniversário da “República de Manhuassu”. Neste ano não será diferente. A Secretaria Municipal de Cultura realiza nesta sexta-feira, 29/05, uma cerimônia no anfiteatro da Câmara Municipal de Manhuaçu, com apresentações artísticas e exposições para lembrar um dos maiores marcos da história do município, que tem como protagonista o icônico Coronel Serafim Tibúrcio.

“Sempre trabalhamos com o teatro, neste ano resolvemos mudar, vamos apresentar um balé com músicas da época” – revelou a secretária de Cultura de Manhuaçu, Mariza Helena Klein. “Será um evento lindo, com roupas típicas, esperamos todos para nos prestigiar” – conclama a secretária ao lamentar que poucos munícipes conheçam a história do município. “Isso é muito importante porque nossa história é rica e vasta, precisamos valorizá-la e incentivar as pessoas a conhecerem, vale apena ir conferir” – finaliza. Confira abaixo um breve relato sobre a história da República de Manhuassu:

O começo

O ano era 1896, o Brasil passava por uma transição de regime de governo, do Imperialismo para República o que acabou influenciando algumas revoltas pelo Brasil. E bem aqui, na Zona da Mata Mineira, um fato marcante aconteceu…

As plantações de café davam a energia que os coronéis precisavam para disputarem a administração do local. A proximidade com o litoral, a pecuária e a extração de madeira também tornavam Manhuassu um cobiçado pólo econômico.

Em 1892, o Coronel Serafim Tibúrcio foi eleito prefeito de Manhuassu. Ele tentou novamente o cargo dois anos depois, mas os ventos não estavam a seu favor.

Em 1894, o governador de Minas era Crispim Jacques Bias Fortes, simpatizante da ala política contrária a Serafim e apoiador do vigário Odorico Dolabela, seu concorrente no pleito. Nas urnas, 623 votos separaram o coronel do vigário. Porém, apesar do apoio popular, Tibúrcio não assumiu o comando da cidade.

Virando o jogo

Com o apoio de outros coronéis locais, Odorico tomou posse como prefeito em 1894. Inconformado, Serafim reuniu documentos e foi até Ouro Preto, capital do estado de Minas Gerais, para tirar satisfações com o governador. Este, por sua vez, afirmou que nada poderia fazer, pois o artigo 61 da constituição impedia que o Estado interviesse na administração municipal.

Ao voltar para Manhuassu, Serafim Tibúrcio encontrou uma situação ainda pior. Seus asseclas tiveram as terras expropriadas e o vigário iniciou uma forte campanha de difamação do coronel. Entre as acusações, estaria o crime de falsificação de dinheiro. Ironia do destino: em breve, Serafim Tibúrcio criaria sua própria moeda.

A Proclamação da República

Em 1896, o coronel foi intimado a depor sobre um assassinato que cometera seis anos antes, quando ainda era delegado de polícia. Em um julgamento tumultuado, ele foi absolvido por legítima defesa da ordem pública, mas o episódio foi a gota d’água. Em meio às ameaças, perda de poder e prestígio político, Serafim invade Manhuassu com seus apoiadores, entre moradores e jagunços da região, e expulsa as autoridades em 10 de maio de 1896, proclamando a república.

Conforme relatos no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, o coronel logo nomeou seus seguidores para cargos de administração dos diferentes setores da república e criou o “Boró”, uma moeda que circulou durante a breve vida da república. Já a ambição de Serafim foi grande e cruzou fronteiras. Com suas tropas, ele comandou invasões em direção ao estado do Espírito Santo, chamando ainda mais a atenção das tropas do governo para a insurgência.

Invasão do Exército Brasileiro

Ao ficar sabendo dos acontecimentos, Crispim Jacques tentou conter a revolta enviando uma tropa de homens, que foram rapidamente abatidos pelo exército de Serafim. O governador decide enviar ainda mais homens combatentes, e novamente amarga uma derrota.  Sem mecanismos de ataques, Crispim pede ajuda ao vice-presidente Manuel Vitorino, que ordena a ida das tropas federais.

Além do cerco e da falta de recursos para enfrentar o exército, os próprios amigos do coronel Serafim aconselhavam seu líder a desistir dos planos. Tibúrcio acata os conselhos e foge em direção ao Espírito Santo. Estranhamente, as tropas não o perseguem e limitam-se a derrubar a recém-fundada república e restaurar a influência federal em Manhuassu. Durante décadas, os inimigos do coronel governaram o município, estabelecendo um pacto silencioso para não tocar no assunto da insurgência em função das mortes, inimizades e dolorosas lembranças de tal experiência histórica.

No entanto, não foi possível “girar para trás a roda da História” e a República de Manhuassu permanece viva nos arquivos e na memória de muitos moradores, além de impulsionar uma série de decisões posteriores a sua proclamação, como a transferência da capital de Minas Gerais de Ouro Preto para Belo Horizonte. Mas essa é outra história…

Secretaria de Comunicação Social de Manhuaçu

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