Vida e Saúde: Desenvolvimento cognitivo dos filhos depende de estímulos dos pais

De onde vêm os bebês todos sabem, mas até onde eles podem ir é um mistério para qualquer pai ou mãe. Por isso, os progressos cognitivos nesses primeiros anos de vida intrigam tanto os cientistas, que buscam os melhores ingredientes para potencializar os avanços e inibir os possíveis atrasos. Estudos têm demonstrado que o primeiro elemento dessa dieta parece ser bem simples de ser alcançado: o afeto. Estímulos visuais e motores também fazem parte desse quebra-cabeça.

Linguagem e memória

A segurança não é o único benefício pelo contato direto e amoroso com os pais. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, demonstraram que crianças em ambientes com laços afetivos fortes desenvolvem mais rapidamente habilidades nos campos da linguagem e da memória.

Na primeira etapa do estudo, meninos e meninas de 4 a 8 anos foram observadas dentro de casa, e os pais, interrogados sobre questões como a quantidade de livros infantis e brinquedos pedagógicos à disposição dos filhos. Os cientistas concluíram, por exemplo, que crianças sujeitas a estímulos cognitivos, como jogos e atividades educativas, se saíam melhor em exercícios de linguagem, enquanto as que recebiam mais atenção se destacavam em testes relacionados à memória.

Anos após essa primeira etapa, essas mesmas crianças, já adolescentes, foram submetidas a uma ressonância magnética no cérebro, e os resultados desse exame, comparados com o modo como que elas haviam sido estimuladas na primeira infância. A pesquisa revelou que o hipocampo, região do cérebro responsável por guardar lembranças e experiências, tinha dimensões diferentes conforme a idade e os incentivos recebidos pelos participantes. Os que foram estimulados aos 4 anos tinham essa região cerebral maior que os que passaram pela experiência aos 8.

Um dos principais fatores para essa diferença no desenvolvimento cerebral dos analisados pode ser explicado pela chamada janela de oportunidade. Até por volta dos 5 anos, as crianças passam pela formação de habilidades cognitivas, como memória, linguagem, raciocínio lógico, percepção e aprendizado. É nessa etapa do crescimento em que centenas de trilhões de conexões neurais, responsáveis pela circulação de impulsos elétricos, são formadas e as crianças têm a chance de dar um salto em seu desenvolvimento. “Há momentos em que serão ativados determinados circuitos neuronais, e o circuito que não for ativado não vai funcionar plenamente depois”, explica o neurologista da infância e da adolescência Rubens Wajnsztejn.

Aprender a andar e escutar uma história são exemplos de estímulos que geram conexões neurais distintas no cérebro. A repetição deles leva ao engrossamento da membrana que envolve as fibras nervosas, permitindo que os impulsos elétricos circulem mais rápido. Porém, a psicóloga infantil Cinthia Venâncio adverte: “ É importante tomar cuidado com o excesso de estímulos ofertados ao mesmo tempo. Provavelmente, a criança vai querer explorar todos e não focar em nenhum. Ao mesmo tempo em que repetir é necessário para promover a aprendizagem, a novidade promove sinapses (ligações entre neurônios) importantes.”

www.uai.com.br

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