Em uma reportagem especial, o jornalista Willian Ribeiro abordou o tema que já é discutido em grandes centros e já está presente na cidade de Caratinga. Em entrevista, o professor do curso de Psicologia do UNEC, Ricardo Aguiar Assis, destacou a formação de grupos no País para o estudo do perfil dos dependentes químicos.
Segundo consta, os resultados destas pesquisas apontam para o aumento do consumo de drogas em meio ao público da terceira idade. “Até então, os dados mostravam um início de envolvimento com as drogas na juventude. Hoje, há um público potencial a partir dos 35 anos, o que também vem atingindo pessoas acima de 60 anos”, destacou o professor, salientado que o estudo envolve drogas lícitas e ilícitas.
O público da terceira idade tem recorrido também ao uso de drogas excitatórias, como a cocaína e o crack. Segundo o professor, a população idosa do sexo masculino vem tendo este acesso através da prostituição. O estudioso chama a atenção para este novo perfil de usuários de drogas no País e os efeitos nocivos a esta parcela da população.
O tráfico de drogas na cidade é uma realidade. Todos os bairros de Caratinga, sem exceção, sofrem com a influência de traficantes ou já registrou algum tipo de ocorrência ligada ao comércio de entorpecentes. No período de primeiro de janeiro a 26 de julho a Polícia Militar registrou 112 ocorrências de uso e consumo de drogas e 108 de tráfico. O dado que chama a atenção na atualidade é o fato de que as drogas estão chegando à população mais idosa através da prostituição.
O CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, que há dez anos desenvolve pesquisas abordando drogas lícitas, como o álcool e ilícitas, drogas diversas, revela dados de uma pesquisa nacional que são preocupantes: 12% dos entrevistados com mais de 60 anos foram classificados como consumidores pesados (mais de 7 doses por semana), 10,4% como consumidores pesados episódicos (considerado por este estudo como o consumo de mais de 3 doses em uma única ocasião) e quase 3% foram diagnosticados como dependentes. O problema afeta mais os homens.
Na reportagem, um senhor de Caratinga, aceitou falar sobre a situação envolvendo sexo pago e drogas. Ele preferiu não ser identificado, tem mais de 70 anos e confirma bem a situação a que está exposta a “terceira idade”. O aposentado confirma ter amigos que saem com prostitutas. “Tenho muitos, diariamente. Elas (prostitutas) vem aqui para os hotéis, pensão. Isso aqui está uma vergonha”, revelou e opinou, mostrando o seu descontentamento com a atual situação. Ele conta ainda que vários amigos estão fazendo uso de drogas, que são oferecidas pelas garotas de programa.
O aposentado foi entrevistado na Praça Cesário Alvim. Em uma manhã de quarta-feira, 09h48, o cinegrafista Wanderlei Otoni registrou uma cena que tem se tornado comum. Um homem aborda uma das prostitutas que circula em um dos principais cartões postais da cidade, em plena região central da cidade. O homem faz perguntas, coloca a mão num dos bolsos, confere alguma coisa, enquanto a mulher se olha em um espelhinho de bolso para ver se a maquiagem está em ordem. Esta cena se repete diariamente.
Há tempos a praça deixou de ser frequentada por famílias para ceder lugar a desocupados, pessoas embriagadas dormindo nos bancos, nos jardins, prostitutas disputando clientes e até traficantes de drogas agindo no entorno da catedral.
No entanto, não são necessárias informações oficiais para o caratinguense perceber que as drogas e o tráfico são problemas sociais, sim, mas que precisam de um controle mais enérgico para que a sociedade se sinta segura. Neste caso, a terceira idade agradece, já que sem oferta, a procura seria menor.
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