Depois de chorarem a morte de entes queridos, moradores dos distritos de São Pedro do Avaí e Dom Corrêa, em Manhuaçu, decidiram instalar quebra-molas nas proximidades da entrada e saída das duas localidades.
A atitude foi a única maneira encontrada, para reduzir o número de atropelamentos com vítimas fatais. Os acidentes automobilísticos, na maioria, devido a irresponsabilidade de motoristas, que desenvolvem velocidade incompatível para o local.
A partir do momento em que os quebra-molas foram instalados, o número de acidentes reduziu assustadoramente, mesmo que tenham sido feitos em desacordo com as normas vigentes do Conselho Nacional de Trânsito. Devido o excesso do tamanho dos quebra-molas, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) passou a fazer monitoramento e estudos sobre a condição dos quebra-molas, que foram construídos pelos próprios moradores como medida paliativa nas duas comunidades.
A partir daí, o DNIT e a Polícia Rodoviária Federal passaram a realizar uma estudo e chegaram à conclusão de que, o mais viável seria a remoção dos quebra-molas, para evitar que caminhões, ônibus e veículos sofressem avarias ao passar pelos Km 562/Dom Corrêa e Km 581/São Pedro do Avaí.
A preocupação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e da 6a Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (GV) provocou uma reunião entre vereadores, lideranças comunitárias dos distritos de Dom Corrêa, São Pedro do Avaí e Vila Nova, bem como representantes da Polícia Rodoviária Federal, DNIT e Ministério Público Federal , para discutirem a melhor solução para o problema.
Muitas observações foram feitas, opiniões divergentes e o medo de que a situação poderia ser revertida. Mas, de posse de dados concretos para contrariar o que queria o representante do DNIT, o ânimo dos representantes das comunidades e o posicionamento dos representantes da Casa Legislativa de Manhuaçu foram fundamentais para que o supervisor do DNIT, Dr. Milton Lobato pudesse reconsiderar que as comunidades de São Pedro do Avaí e Dom Corrêa, fizeram os quebra-molas, numa condição “extrema”, para evitar que os dois trechos continuassem sendo banhados por sangue.
Força da comunidade organizada fez a diferença
Os participantes da reunião para discutir a retirada dos quebra-molas em São Pedro do Avaí e Dom Corrêa transmitiram aos representantes do DNIT, Polícia Rodoviária Federal e Ministério Público Federal, o sentimento dos moradores e a razão que os levou a tomar tal atitude. Também informaram que as duas comunidades poderiam revoltar, caso houvesse a insensatez e a remoção dos quebra-molas. Para o representante do distrito de São Pedro do Avaí, José Eugênio Souza Araújo Teixeira , o resultado foi surpreendente e muito relevante para todos os moradores, que já vivenciaram inúmeras e prematuras mortes de entes queridos. Segundo ele, todos estavam apreensivos com a notícia de que os quebra-molas seriam retirados. “Mas, graças a nossa ação e documentos fartos, com a participação da Câmara Municipal foi possível chegar ao denominador comum. Agora, as famílias ali residentes vão estar tranquilas quanto a solução encontrada para atender os dois lados”, ressalta José Eugênio.
O líder comunitário de Dom Corrêa, João Batista Dornelas destaca que a discussão veio no momento em que a comunidade estava ansiosa, no aguardo da decisão quanto aos quebra-molas. “O debate foi em prol da vida e, permaneceu a vontade da comunidade quanto a manutenção dos quebra-molas em Dom Corrêa, São Pedro do Avaí e Vila Nova.
Os vereadores Francisco Dutra “Chico do Chuquinha”, representante do distrito de São Pedro do Avaí conta que por várias vezes presenciou acidentes na BR 116. Ele salienta que, através do diálogo foi possível garantir a permanência dos quebra-molas em Dom Corrêa e São Pedro do Avaí. O vereador cabo Anísio analisa que a reivindicação dos moradores deve ser respeitada e, que preservar a vida é o bem maior. “Disse ao Milton Lobato que os quebra- molas não deveriam ser retirados. E, ao final todos chegaram ao consenso de que um estudo técnico será realizado para instalar quebra-molas de acordo com o Conselho Nacional Trânsito.
Para o presidente da Câmara Municipal de Manhuaçu, Maurício Júnior, o encontro foi uma resposta diante da reclamação da população, que já estava cansada de assistir acidentes, mortes e sangue na pista. “Reivindicamos a construção de novos quebra-molas, para depois, remover os que foram feitos pela população. Enquanto legisladores, não podemos admitir que as coisas continuem acontecendo”,disse Maurício Júnior.
Em entrevista, o supervisor do DNIT, Dr. Milton Lobato disse que o órgão estará realizando um estudo e, em duas semanas estará encaminhando ofício à Superintência do DNIT solicitando a liberação para construir os quebra-molas, dentro das normas vigentes e dimensões adequadas, atendendo as exigências do CONTRAN. Ele explica que, aqueles que foram feitos pela população causa insegurança e pode causar acidentes. “Tudo faremos para uma solução breve, para que a segurança seja oferecida para quem trafega na BR 116. Todos nós saímos ganhando com essa discussão, principalmente os distritos de Dom Corrêa e São Pedro do Avaí”, disse Milton Lobato.
O inspetor Weber, da Polícia Rodoviária Federal (GV) foi enfático ao dizer que o quebra-mola colocado em Dom Corrêa oferece risco, pois, o mesmo foi feito na curva. Experiente e conhecedor do trecho, Inspetor Weber explica que precisa ser retirado o mais rápido possível. O inspetor também sugeriu que o quebra- mola de Dom Corrêa, seja substituído por um sonorizador a fim de atentar o motorista de que há quebra-molas logo à frente. “O que foi discutido, acordado com as lideranças e vereadores de que haverá solução será cumprido. Esperamos que em breve, os radares também sejam instalados ali”, salienta o Inspetor Weber.
Eduardo Satil
