Lixo: Estado vai proporcionar melhores condições de trabalho a catadores de Manhuaçu

content_coleta_4Manhuaçu, na Zona da Mata, está a um passo de erradicar as práticas de catação inadequada de lixo na cidade. Será o décimo município de Minas Gerais a receber o projeto “Reciclando oportunidades, gerando trabalho e renda”, mantido pelo Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR). O programa oferece apoio técnico para tirar os catadores da situação vulnerável de trabalho no lixão a partir da implantação de um sistema de gestão de resíduos sólidos.

A engenheira e diretora executiva do CMRR, Jacqueline Rutkowski, explica que o principal objetivo do projeto é oferecer apoio na implantação da coleta seletiva municipal, mas seguindo um modelo no qual os catadores de materiais recicláveis são incluídos, de modo a garantir que estes resíduos sejam desviados do aterramento.

“É um modelo que gera inclusão, trabalho e renda para uma população que, por suas condições sociais, dificilmente entra no mercado de trabalho. Além disso, tem um custo até 80% menor para a prefeitura do que o modelo tradicional – no qual uma empresa é contratada para realizar a coleta -, e é ainda mais eficiente em relação à quantidade reciclada”, afirma Jacqueline.

Além da assessoria técnica, o Centro Mineiro também oferece capacitação técnica e profissionalizante ao município, de forma que ele possa implementar as ações de forma eficiente e ambientalmente correta. Na primeira etapa do projeto em Manhuaçu, já foi realizada, em outubro, uma capacitação para que os representantes da área ambiental e de assistência social da cidade pudessem elaborar um diagnóstico da situação dos resíduos e também dos catadores.

A próxima etapa será a visita dos técnicos do CMRR para que seja feito um planejamento conjunto entre prefeitura, catadores e sociedade civil sobre o modelo a ser implantado. “Em Manhuaçu, a situação é alarmante, pois ainda existem muitas pessoas no lixão, inclusive crianças. Assim, estamos correndo contra o tempo: o tempo médio para implantar o projeto é de 18 meses, mas estamos com expectativa de lançar a coleta no município em abril, isto é, sete meses após o início dos trabalhos”, diz Jacqueline.

Projeto promove criação de cooperativas

Dentro dos preceitos do projeto “Reciclando oportunidades, gerando trabalho e renda”, os catadores passam a trabalhar de forma organizada, em associações ou cooperativas, saindo da situação insalubre e desgastante em que trabalham. Assim, eles ganham em qualidade de trabalho.

Catador há 12 anos em Manhuaçu, Renato Portes Moreira coordena um grupo de dez trabalhadores, entre eles três dos seus irmãos, e está ansioso com a implantação do projeto na cidade. “O sol castiga muito aqui, e trabalhamos 12 horas por dia. Com a cooperativa, teremos um galpão próprio, com estrutura para todos trabalharem, e horário fixo”, diz.

Renato conta que participou da primeira reunião com a prefeitura, membros do Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) e os catadores da cidade. “Todos nós estamos muito animados e temos também expectativa de ganhar mais porque a cidade produz muito lixo e são muitos trabalhadores”, conclui.

Iniciativa pioneira

Mantido pelo Centro Mineiro de Referência em Resíduos, o projeto é fruto de parceria entre o Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) e o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por meio da Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (CIMOS). O CMRR é um programa do Governo de Minas Gerais, executado em parceria entre o Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

Este ano, foram dez municípios contemplados com o projeto, sendo eles: Araçuaí, Carmo do Rio Claro, Curvelo, Paraopeba, Salinas, São João del Rei, Serro, Três Marias, Virgem da Lapa, além de Manhuaçu.

“Desenvolvemos uma metodologia própria, mas baseada na que vem sendo desenvolvida pelo Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis em todo o Brasil. Minas Gerais é o único estado do país a desenvolver este trabalho desta forma, como política pública e utilizando esta metodologia”, ressalta a diretora executiva do CMRR, Jacqueline Rutkowski.

Em Manhuaçu, o Serviço Autônomo Municipal de Limpeza Urbana (Samal) será o parceiro no projeto. O diretor do Samal, Kilder Perigolo, conta que em março eles procuraram o Centro Mineiro interessados em receber o projeto na cidade. “O município precisa dar um destino adequado ao lixo e um serviço digno para as pessoas que dependem dele para tirar o seu sustento. É bom para todo mundo, por isso corremos atrás”, relata Perigolo. Ele diz que, até agora, já são mais de 40 catadores de materiais recicláveis cadastrados para compor a cooperativa na cidade.

Agência Minas

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